segunda-feira, 11 de março de 2013

Cheguei até aqui

E parecia tudo caminhar razoavelmente bem.
Eu só esperava por uma decisão.
Todos os sinais estavam lá,nesses 2 anos,e eu não vi,ou não quis ver.Eu acreditei em uma ilusão que construí,acreditei em cada palavra dita,em cada promessa não dita,em cada esperança criada.
Eu acreditei que podia ser,que valia a pena tentar.
Talvez eu tivesse esperado por mais um tanto de tempo,tivesse tido tolerância para gastar.
Toda a esperança que eu tinha,não foi sendo perdida com o tempo,como seria o natural à acontecer. Ela acabou-se em uma manhã,com uma simples frase " só para lembrar que sou casado".
Os neurônios demoraram para fazer a sinapse entre o pensamento,o sentimento e os dedos sobre qual seria a melhor resposta a dar,e quando a sinapse foi feita,a ironia foi escolhida como forma de defesa...eu não sabia de onde tinha saído essa informação e não conseguia acreditar que fosse verdade. Em seguida,outra frase que fez meu pedacinho de mundo girar "é a esposa dele".
Esposa?Pera,pára tudo!Parem o mundo que eu quero descer! Eu não tinha o que falar além do "eu não sabia". E o sentimento de perda,de traição,de que o chão estava se abrindo novamente.
Foi hora de repassar todas as conversas,todas as madrugadas em claro,procurando um sinal que isso fosse verdade...
Muitos fios soltos se encaixaram,as poucas discussões fizeram sentido,os horários errados....e a pergunta permaneceu "por quê?".
Nessa semana,desejei um contato,escrevi esse texto em forma de e-mail diversas vezes,sem coragem de enviar; sonhei com a esposa-imaginando como ela seria e no que ela seria melhor que eu-mulher tem mania de comparação; ouvi broncas da melhor amiga,com o famoso " eu te avisei".
Tive tolerância para gastar.
E aos poucos,eu precisei me despir dos sentimentos,me despir dos sonhos,das vontades,das esperanças.
Alguns dias são melhores que outros...em alguns o sentimento,os sonhos,as vontades e as esperanças permanecem e eu fico procurando um mínimo sinal que tenha passado em branco.
Talvez,se um dia você voltar,eu engula qualquer porcaria que você dê como desculpa.
Mas hoje,vou deixar um trecho de Martha Medeiros que parafraseou Saramago:


(...) “Cheguei até aqui”. Com esta simples frase, ele demonstrou qual era seu limite de tolerância. Não iria adiante com Fidel.(...)
(...)Todos nós temos um limite de tolerância em relação a tudo. Mas nas questões amorosas este limite tende a se esticar em função das nossas carências, das nossas fantasias, da nossa esperança de que, da próxima vez, as coisas irão dar certo. Mas não dão. E não dão de novo. Até onde você pode chegar?(...)
(...)Até onde podemos ir? Até o limite do suportável. Um belo dia, depois de inúmeras repetições do mesmo erro, a gente desiste. Com tristeza pela perda, mas com alegria pela descoberta, diz pra si mesmo: “cheguei até aqui”. E, então, a vida muda.


Hoje,cheguei até aqui.